Não vou apagar meu passado e nem esse blog. Ele estará aqui, espero que para sempre. Faz parte do patrimônio do meu coração.
E como a vida não pára, redicionarei minhas loucuras para o Bola 14:
Serei breve, pois só tenho três cigarros.
Som na caixa, playlist selecionada. Todas as 968 músicas para tocar em ordem aleatória.
“Where, There and Everywhere”, dos Beatles. Pra começar ta bom. Mas que merda! O Word não pára de me corrigir e eu não consigo criar. Menos de quatro linhas e já acabou a canção.
“Mariana foi pro Mar”, do Ira!. Música tosca do último álbum, fracassado, da banda. Mas o ritmo é bom. Sinto que saio do meu estilo fazendo isso. Não consigo desenvolver meu pensamento ouvindo músicas em português. Vou acender o primeiro Marlboro até a música terminar. Mal acendi e acabou.
“Brothers in Arms”, Dire Straits. Fiquei horas no ônibus, bêbado, pensando no que escreveria. Na verdade foram minutos, cerca de 30, 40. Fujo dos clichês, mas minha vida mais parece um clichê ambulante. Penso muito antes de fazer algo. Penso muito antes de não fazer algo. Mais um trago. E lá vem o soluço. Seguro o ar pra ver se passa. Parece que passará. Passou. Mais um trago. Voltou. Foda-se! O Word continua me corrigindo. Não quero! E se eu quiser escrever errado? Qual o problema? e se eu quiser deixar a primeira letra minúscula? E se eu, quiser colocar as vírgulas erradas?
“If I Need Someone”, mais uma dos Beatles. O cigarro ta queimando sozinho. Tenho vontade de mijar, mas dá pra segurar. Ia colocar “agüentar”, mas troquei por “segurar”. To me sentindo louco hoje. Me sinto como se estivesse escrevendo num diário. Mas que porra é essa? Diário de cu é rola.
“Ready Teddy”, de Tony
“Twist and Shoudt”, Beatles. Música pela metade. Cigarro apagado. Bexiga vazia. Mãos não lavadas. Penso como seria se tivesse vivido na década de 1960. Estaria com uns 50 e poucos anos, contando pros jovens o que vivi. Talvez seria como todos, seria normal. Não quero ser normal. Teria sido legal. Batuques acompanhando o clássico.
“Let me Go”, Three Doors Down. Que porra de música é essa que ta no meu PC? Não me traz inspiração alguma. Notei que escrevi muitos “preciso” e “tenho” aqui. Na verdade não preciso de nada. Quero só viver e ter algo pra contar pra alguém amanhã. Talvez algum fato, algum acontecimento. A TV está ligada. Tenho a impressão que ninguém vai ler até essa parte. O telefone tocou. 2h49 da manhã. É a patroa. Pausa para tudo.
“People are Strange”, The Doors. Três horas de conversa ao telefone. Fumei os dois cigarros restantes. A inspiração já está dormindo. E fim de papo!
Dois anos se passaram e após ser detido pela polícia local, João foi brutalmente torturado pelos policiais, que exigiam informações sobre o tráfico de drogas da região. O garoto, temendo sua vida, não abriu a boca, foi libertado e decidiu sair da criminalidade e ganhar seu dinheiro honestamente. Voltando então à pobreza, João conseguiu um estágio no programa “Jovem Cidadão”, mas não ganhava o suficiente para sustentar a casa, pois sua mãe sofria de tuberculose e não podia mais trabalhar. Vivendo na miséria, ele e sua progenitora passaram momentos de desespero, sem ter o que comer, quando João decidiu vender uma vaca que havia comprado na época que trabalhava de aviaozinho. Na ocasião, ele pretendia fazer um grande churrasco, mas o fato ocorreu paralelamente à sua detenção e a vaca já estava à beira da morte, de tão magra.
João foi ao açougue do Tião para vender Mimosa e no caminho encontrou um mendigo desdentado que, de tão bom de lábia que era, conseguiu convencer o garoto a trocar sua vaca por três sementes mágicas. Quando chegou em casa, João contou à sua mãe sobre seu negócio e ela, mesmo doente, deu-lhe um tabefe na cara, e após ofendê-lo, mandando enfiar as sementes em suas entranhas, tomou-as de suas mãos e arremessou-as pela janela. João, muito triste com o ocorrido, passou a noite embebedando-se com uma cachaça até dormir. De manhã, acordou para beber água, devido sua ressaca e quando passara pela janela, deparou-se com um fato inimaginável: onde sua mãe jogara as sementes, nascera um gigante pé de maconha. Ele foi até o quintal ver de perto aquela gigante árvore, que desaparecia por entre as nuvens. Pensou em subir para ver até onde chegava, mas antes colheu algumas folhas para fumar um baseado. Após um tapinha, trepou naquele imenso pé de cannabis, onde parecia que não tinha fim e algumas horas depois, conseguiu chegar ao topo.
Acima das nuvens, havia um imenso castelo e João não pensou duas vezes em entrar para ver o que tinha dentro. Tudo era grande por dentro também e enquanto vasculhava o local, ouviu passos e tratou de esconder-se em um canto. Eis que aparece o Gigante do Olho Vermelho, com dreads no cabelo e uma camiseta do Bob Marley. O gigante sentou-se no sofá e ordenou que sua galinha colocasse ovos e sua guitarra mágica tocasse. Logo a galinha começou a botar ovos de ouro e a guitarra a tocar reggae. João ficou estupefato com aquilo e, sem poder sair do seu esconderijo, decidiu acender um beck para passar o tempo. O gigante sentiu o cheiro sentiu que havia alguém por perto. O garoto, assustado com a hipótese de ser encontrado, esperou que o gigante distrair-se para fugir. Pegou a galinha e a guitarra mágica e correu para fora do castelo. O gigante viu João e quando correu atrás, caiu, de tão drogado que estava.
João conseguiu voltar ao pé de maconha, desceu rapidamente e com um machado, derrubou a árvore, para que o gigante não pudesse vir ao seu encontro. Sua mãe ficou muito feliz depois que ouviu a história do filho e, com alguns ovos de ouro saiu para pagar o aluguel, cartão de crédito, os carnês das Casas Bahia e C&A e comprar comida.
Parecia que todos os problemas estavam resolvidos, porém, quando a mãe de João voltou, deparou-se com uma cena deplorável: o garoto, depois de fumar tanta erva, fez uma canja com a galinha, pois estava em uma imensa larica. Com raiva de João, ela espancou-lhe até cansar, batendo nele com tudo que encontrara, inclusive com a guitarra mágica, que quebrou e após isso não tocou nem sequer um acorde.
Estava tudo acabado novamente para a pequena família. Não havia mais ovos de ouro, já que a galinha fora comida por João e nem a guitarra, que quebrara no espancamento do menino. A vida miserável estava novamente escrita para o futuro de João e sua mãe, mas como o garoto era muito esperto, conseguiu ter uma grande idéia para inverter a situação. Com toda a maconha da gigante árvore que derrubara, João começou seu novo negócio: abriu sua própria boca de fumo e conforme ganhava dinheiro, entrou em novos negócios, como a cocaína e o crack. Comprou armas, recrutou muitas pessoas para trabalhar em seu negócio, nomeou o mendigo que deu-lhe as sementes a chefe de sua quadrilha e acabou com toda a concorrência da região.
João conseguiu sair da pobreza e hoje é um respeitado traficante de drogas, um dos mais renomeados do Rio de Janeiro. Uma pessoa que lutou muito para conseguir ganhar seu dinheiro honestamente. Tudo isso graças ao seu pé de maconha.
Malas prontas para a grande viagem. Caminharei pela estrada procurando a Felicidade. Prometo parar quando encontrá-la e alojarei-me eternamente no local onde ela estiver.
É dia ainda. O Sol atinge minha cabeça, fritando meus pensamentos ainda lúcidos, esquentando ainda mais minha angústia em encontrar meu objetivo. Um cantil de paciência ajuda a minimizar a quentura da árdua jornada que terei pela frente.
Passam-se alguns dias e sem parar por instante algum, a visão trêmula do horizonte continua a palpitar perante meu globo ocular. É a visão do desconhecido, do nada, do suspense, da ausência. Diante da contínua cena, os olhos pedem trégua e faço a primeira parada. Não deveria, pois nunca pode-se perder tempo quando pretende-se ir de encontro com a Felicidade.
Após o descanso, sigo adiante. As visões mudam, porque acostumei com o cenário. O desconhecido tornou-se conhecido, o nada transformou-se em tudo, o suspense virou rotina e a ausência alterou-se para comparência e agora caminhara ao meu lado. Essas mudanças são pistas sobre o paradeiro da Felicidade, que não deve situar-se muito longe dali.
Ao longo da estrada, vejo algo distante. Aproximo-me rapidamente e encontro uma bifurcação. O sentimento de dúvida pairou no ar. Para onde seguir? À esquerda, uma trilha com flores e pássaros por todos os lados. À direita, uma estrada de terra, onde via-se o pôr do Sol ao fundo. Com muitas dúvidas, resolvi seguir o Sol.
O cansaço voltara, mas decidi não parar mais até encontrar a Felicidade. Caminhei por diversos dias e veio o fatídico acontecimento: O final da estrada que escolhera, era meu ponto de partida. Exatamente de onde comecei a andar em busca da Felicidade, cheguei. Viajei por diversos dias e noites, em vão. Prontamente, ergui a cabeça e voltei pela estrada até chegar novamente à bifurcação.
Já sabia que o caminho do Sol não era o da Felicidade. Só restara a trilha das flores e pássaros. Passei novamente dias e noites andando. Esse caminho parecia ser infinito, mas não desanimei, pois sabia que no final viria a recompensa.
Ao fim da viagem, novamente a decepção: o fim da trilha também era exatamente o lugar de onde eu partira. Como pode os dois caminhos resultarem em um único local, sendo ele o mesmo de onde eu saí?
Cabisbaixo, resolvi desistir de meu objetivo, mas quando levantei a cabeça, tive a surpresa mais inimaginável de minha vida. Vi a Felicidade, justamente onde comecei minha jornada. Perguntei à ela o que fazia naquele lugar, onde passei todos meus momentos sem sua companhia, e por que quando fui ao seu encontro, ela decidiu acomodar-se lá. A Felicidade foi simples em sua resposta. Me disse que sempre esteve e nunca saíra daquele local, e eu nunca dei-me a chance de enxergá-la anteriormente.
Entrei em minha casa contente, pois tinha achado o que queria, porém, estava pensativo e não decifrara o que acabara de acontecer. A resposta para tudo surgiu rápido. Quando olhei no espelho, não me vi. O que refletia era a Felicidade. Entendi que ela não estava apenas ao meu lado, ela estava dentro de mim. Estando dentro de mim, poderia transformar qualquer lugar, qualquer objeto, qualquer sentimento, qualquer pessoa, na Felicidade, e foi isso que eu fiz.
Com minha longa viagem, aprendi que não acha-se o que não existe, mesmo procurando pela vida toda, em todos os lugares. Para encontrar, basta ver o que deseja, dessa forma, o desejo passa a existir.
A visão, em câmera lenta, parece que não acompanhará o raciocínio, porém os dedos digitam tão rapidamente as mensagens enviadas pelo cérebro, que multiplica constantemente as informações mandadas para o computador. Enquanto a transcrição é feita, pensamentos diversos ocorrem, fugindo totalmente da idéia do texto, mas os dedos continuam a digitar coerentemente o que foi-lhe pedido anteriormente, como se fosse um subordinado fazendo o que o patrão manda-lhe.
Nos momentos finais, surge uma sensação vaga, como se não quisesse sair daquela transe e se o corpo permitisse, não pararia mais de transladar a criatividade que fora dada naquele momento de embriaguez de sono. Mas como tudo possui um fim, chegara o momento de botar um ponto final e apenas apreciar posteriormente os relatos que foram criados.