quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sem Pé nem Cabeça



Serei breve, pois só tenho três cigarros.


Som na caixa, playlist selecionada. Todas as 968 músicas para tocar em ordem aleatória.


“Where, There and Everywhere”, dos Beatles. Pra começar ta bom. Mas que merda! O Word não pára de me corrigir e eu não consigo criar. Menos de quatro linhas e já acabou a canção.


“Mariana foi pro Mar”, do Ira!. Música tosca do último álbum, fracassado, da banda. Mas o ritmo é bom. Sinto que saio do meu estilo fazendo isso. Não consigo desenvolver meu pensamento ouvindo músicas em português. Vou acender o primeiro Marlboro até a música terminar. Mal acendi e acabou.


“Brothers in Arms”, Dire Straits. Fiquei horas no ônibus, bêbado, pensando no que escreveria. Na verdade foram minutos, cerca de 30, 40. Fujo dos clichês, mas minha vida mais parece um clichê ambulante. Penso muito antes de fazer algo. Penso muito antes de não fazer algo. Mais um trago. E lá vem o soluço. Seguro o ar pra ver se passa. Parece que passará. Passou. Mais um trago. Voltou. Foda-se! O Word continua me corrigindo. Não quero! E se eu quiser escrever errado? Qual o problema? e se eu quiser deixar a primeira letra minúscula? E se eu, quiser colocar as vírgulas erradas?


“If I Need Someone”, mais uma dos Beatles. O cigarro ta queimando sozinho. Tenho vontade de mijar, mas dá pra segurar. Ia colocar “agüentar”, mas troquei por “segurar”. To me sentindo louco hoje. Me sinto como se estivesse escrevendo num diário. Mas que porra é essa? Diário de cu é rola.


“Ready Teddy”, de Tony Sheridan. Preciso decidir o que vou fazer da minha vida. Preciso ganhar dinheiro. Preciso fazer mais e pensar menos. Preciso ir ao banheiro.


“Twist and Shoudt”, Beatles. Música pela metade. Cigarro apagado. Bexiga vazia. Mãos não lavadas. Penso como seria se tivesse vivido na década de 1960. Estaria com uns 50 e poucos anos, contando pros jovens o que vivi. Talvez seria como todos, seria normal. Não quero ser normal. Teria sido legal. Batuques acompanhando o clássico.


“Let me Go”, Three Doors Down. Que porra de música é essa que ta no meu PC? Não me traz inspiração alguma. Notei que escrevi muitos “preciso” e “tenho” aqui. Na verdade não preciso de nada. Quero só viver e ter algo pra contar pra alguém amanhã. Talvez algum fato, algum acontecimento. A TV está ligada. Tenho a impressão que ninguém vai ler até essa parte. O telefone tocou. 2h49 da manhã. É a patroa. Pausa para tudo.


“People are Strange”, The Doors. Três horas de conversa ao telefone. Fumei os dois cigarros restantes. A inspiração já está dormindo. E fim de papo!

2 comentários:

Casimiro disse...

A primeira crítica é minha!

Consegui me superar, negativamente.

Não esperava que saísse bom. Na verdade esperava, mas não foi nada do jeito que imaginei.

Como não sou hipócrita, publiquei. Porque o objetivo era esse, não? Sendo bom ou ruim, tá aqui!

Vivi Peron disse...

As "coisas", nem sempre são como imaginamos, mas curti seu texto (diário) rsrs, não sei ao certo que nome dar, mas, pra que querer classificar, detesto rótulos, enfim, falei, falei e até agora nada disse...Ou disse?
Bom, me identifiquei com o 7º parágrafo rsrs. Gostei do texto, ah, e tb da ilustração!
Bjus!!!