quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Hare Baba!




Estou a algumas horas pensando em arrumar um tempo para escrever sobre a Igreja Universal. Finalmente encontrei esses preciosos minutos (ou horas, pois não sei quanto vai durar isso) e quando abri o Word, coloquei uma música e acendi um cigarro me senti novamente (pois já citei esse sentimento outro dia) um clichê ambulante. Esse assunto esses dias tem sido pauta em infinitos blogs, TV, rádio, jornal... Então, do que falar? Amor? Puts, mais clichê ainda. Como não tenho nada para falar, vou falar sobre... o “nada”! Me senti repugnante de novo. Falar sobre o nada é o maior dos clichês. E ainda daria a impressão que eu puxei sardinha no começo do texto pra falar sobre o nada. Então falarei sobre clichês. Mas também é clichê falar sobre clichês. Hoje em dia é tão difícil você se expressar sem parecer um robô como todas as outras pessoas. Hoje tudo é pauta, tudo é falado, tudo é clichê então? Não! Apesar de todos poderem se expressar (e muitos fazerem isso), através de inúmeros meios, a criatividade, a originalidade, a sinceridade e a “cara-de-pau” está em extinção. Poucos falam o que querem. Por quê? Medo? Vergonha? Eu acho que a sociedade se nivelou a um nível de alienação nunca antes atingido e, sendo assim, não emitem opinião própria, mas sim o que é conveniente (para si e para os outros). Apesar de contarmos com infinitos jornalistas, escritores, artistas e criadores em geral, poucos fazem a diferença, poucos pensam. E os que pensam não se destacam, aliás, se destacam entre os pensadores, apenas.

Se você pegar um ônibus, com certeza esbarrará com uma dona de casa dizendo “Hare Baba” (já aconteceu duas vezes comigo), sem ao menos saber o que significa essa indagação da novela das oito. Um dos mais poderosos meios de comunicação, a TV, passa na maioria de sua programação programas enaltecendo os ditos famosos (atores, bonitões e bonitonas e personalidades sem conteúdo), dizendo o que fulano comeu no almoço, o que ciclana foi fazer na praia e quem beijou quem. E as pessoas adoram isso! A dona de casa dá mais atenção ao dia-a-dia de um desconhecido que não acrescenta nada em sua vida, do que ao filho que precisa de ajuda na escola. A história da novela é mais importante do que a vida real. E depois de um ano ninguém mais nem lembra mais da história. Mas, enquanto dura, vivem disso, cantando músicas indianas que nunca lhe fizeram o gosto, mas está na moda.

O ser humano perdeu a identidade. Chegamos a um ponto em que não há solução para o desperdício de neurônios da sociedade. Um exemplo de como é impossível mudar o atual quadro: creio que todos que estão lendo convivem com pessoas no perfil da sociedade. Vocês conseguem mudá-las? Não adianta forçar uma pessoa a assistir Discovery Channel. A cabeça já está formada. Conheço pessoas que ficam vidradas nos absurdos telejornais sensacionalistas a La José Luiz Datena, ficando chocadas com as notícias de assassinatos, estupros e violências em geral. A Isabela Red Bull causou comoção nacional, mas quantos casos semelhantes e piores acontecem e ninguém nem noticia? As pessoas ficaram cépticas com muitas coisas preocupantes. Se houvesse uma Isabela jogada da janela por dia na TV, ninguém mais se chocaria. E a Gripe Suína? Ah! Vou reservar o próximo parágrafo para esse assunto irritante.

Alguém se lembra do avião que caiu no oceano? Era pauta constante em tudo, mas a gripe suína tomou o lugar e nunca mais ouvi em lugar nenhum nada sobre o vôo da Air France. Vejo pessoas nas ruas de máscara! Isso é um absurdo. As vendas de álcool em gel e das tais máscaras explodiram! A prevenção é ótima e é muito bom as pessoas se cuidarem, mas o que me incomoda é saber que quando não for mais notícia, as pessoas esquecerão da tal gripe. Vejam só: são cerca de 3 mil pessoas com a gripe no Brasil e toda a população está assustada, preocupada com máscaras, enquanto, no Brasil temos cerca de 3 milhões de homens e mulheres infectados pelo vírus da Aids e ninguém se preocupa em usar camisinha! E a tuberculose? Aqui há mais de 80 mil pessoas com a doença, ela é muito mais perigosa que a gripe e... Ninguém se preocupa.

Como, de acordo com minhas teorias, não há solução para a alienação e ignorância de nossa população terráquea, resta-me torcer para que um surto de gripe ocorra em um culto na Igreja Universal, repleto de fanáticos, contaminando todos e mandando-os para o raio que o parta, com a única condição de algum deles voltar para dizer que foram todos realmente para o inferno.

Não escrevi um texto falando da Universal, mas um parágrafo já me deixou satisfeito.

E por favor, moralistas, fora daqui! Não os suporto!

4 comentários:

Wagner Ribeiro disse...

Caro Casimiro,

A sociedade, mais que nunca, imergiu na ignorância e sequer cogita a possibilidade de dela sair. Por muitas vezes, sacrifiquei os poucos neurônios que tenho para tentar compreender a situação que aí está. Obviamente, sem resultado favorável. O fato é que, por mais que filófosos e entendidos multifuncionais se esmirilhem em busca da "verdade", só há uma explicação para tal bestialização coletiva. As pessoas se tornaram um saco de pele cheiro de ossos, carnes, músculos, orgãos e mais um monte de coisas nojentas. Não passam disto. E é como isto que gostam de ser tratados. Veja só, em conversar com uma pessoa, com quem gostaria de trepar, ouvi o seguinte: "as pessoas mexem muito comigo na rua. Sou alto e tenho bundão. O que mais as pessoas podem querer". Pensei em responder o que realmente pensanva. Calei-me. Corria o risco que perder aquele saboroso pedaço de carne. No final, meu papo sem graça me fez perder a refeição do mesmo jeito. Como objeto que são, o que mais poderia acontecer se não serem guiados por novelas que determinam o teor de suas conversar contidianas? Ou de igrejas gerenciadas por quadrilhas que amealham fortunas à base da exploração da ignorância? Nunca houve nada mais rendoso que a ignorância do povo. A história pode provar tal observação. O fato é que hoje existe uma trupe muito maior de patifes especializados em calhordagens. De minha parte, continuo fazendo parte do bloco do "Eu comigo mesmo" neste mundo que se torna cada vez mais chato, que se tornou um grande clichê recheado com gente que vive de pasticho. (Já reparou que os chatos estão se proliferando de forma quase improvável? Não há mais senso de humor). O saco nisto tudo é algumas pessoas se tornam espetadores de doidos que descem por escorregador de merda e acreditam que se trata de doce de banana. A esses espectadores só resta, de vez em quanto, se rebelar dizendo, raramente escrevendo, as coisas que pensam. E assim vamos levando... Hare baba...

Abraço do Wagner

Alma e Imagem disse...

Oi Casimiro!!

É isso aí, a verdade é toda essa que focê falou e muito bem!
O questionamento está nesse ciclo vicioso da ignorancia pela falta da educação, uma questão cultural, e no reforço poderoso da mídia que se aproveita dessa falta de questionamento e alienação humana.

Muito bom o seu texto!

Beijoss

Vivi Peron disse...

Oi, Casimiro!
Mandou muito bem no texto!!!Realmente é muito complicada a alienação de muitas pessoas somada ao poder da mídia. Um exemplo claro disso é a tal gripe suína (H1N1), que nunca existiu. Prova disso são as vacinas encalhadas na Europa, os europeus não comparecerem para se vacinar, o Wolfgang Wodarg, chefe de saúde do Conselho da Europa, acusar fabricantes de medicamentos a influenciarem a decisão da OMS na tal gripe H1NI, por interesses financeiros e por aí...Enfim, como já dizia Cazuza “vida louca, vida...”

Bjs!!!!

Vivi

Marcelo Fabri disse...

Eu gosto de um incenso chamado "Sai Baba".
Quase um ano sem postar, hein? Não sou um exemplo de regularidade, mas sentimos saudades das suas aventuras literárias.
Abração
Marcelo