segunda-feira, 9 de junho de 2008

O sonho



Um dia, um pequeno garoto sonhou. Sonhou que cresceria e que seria feliz. Ele sonhou com uma casa, com um jardim, com uma esposa e com sorrisos nos lábios de todos em sua volta. O menino entristeceu-se sem motivo algum, sem saber o porquê sentia aquele frio na barriga. Ele sabia que seu sonho tornaria-se realidade um dia. Ele sabia que previa um futuro brilhante e que a tristeza que sentia naquele momento era a descoberta da vida que almejava. Na verdade não era tristeza, era a sensação do desconhecido, a dúvida do amanhã e a incerteza de seus pensamentos. O garoto sentia saudade de algo que não sabia o que era, que nunca tinha visto e mal imaginava como poderia ser. No meio dessa experiência, uma lágrima escorreu pelo seu rosto e confirmou-se o inesperado em sua vida: ele havia planejado, em um sonho acordado, todo seu futuro. Sem comentar com ninguém a visão de seu destino, o menino seguiu sua vida normalmente, como qualquer criança. Brincou, deu risadas, zangou-se, agiu como se nada acontecera. Por fora nada mudou, mas por dentro ele convivia já com o homem que seria no futuro, buscando em cada pista que a vida lhe dava, encontrar o começo de seu sonho, para que pudesse dar sequência ao filme que rodara em sua mente noutro dia.

Repentinamente, o garoto cresceu. Quando olhou-se no espelho, viu um homem.
Nesse momento veio em seus pensamentos aquele velho sonho que teve quando criança e andava esquecido em sua memória. Perguntou a si o motivo de não fazer jus a tudo que sonhara e não ter ido atrás de seus ideais, que cultivava quando criança, e mesmo sem tal responsabilidade na infância, preocupava-se tanto para que tudo se concretizasse. Nesse momento uma retrospectiva passou em sua cabeça e fez lembrar-lhe que seu sonho tinha um começo, um meio e um fim, sendo assim, não podia acordar no futuro e num um piscar d’olhos estar dentro de sua casa com sua esposa e seu jardim no quintal, com todos sorrindo ao seu redor. Indiretamente ele construira lentamente seu sonho, passo a passo, sem esforço algum e sem se preocupar em subir mais degraus que sua perna pudesse resistir.Novamente acabou esquecendo dessa história e continuou a viver sua vida normalmente, como antes. Após um período sem novidades em sua vida, conheceu uma mulher, pela qual se apaixonou loucamente e quando olhou no espelho viu que, sem querer, planejou o restante de sua vida com ela. Essa mulher não era apenas uma mulher, era uma menina-mulher. Ela teve o mesmo sonho dele quando criança e vira que também, sem esforços, estava começando a tornar eles realidade.

A
união dos sonhos do garoto e da garota fizeram com que eles se tornassem apenas um. Um sonho que estava apenas começando e que transformaria a visão do então menino em uma pura realidade.

P
ela última vez que lembrou do fato ocorrido em sua infância, dos sentimentos desconhecidos e das lágrimas inesperadas, sentiu tudo novamente, porém nada era desconhecido mais. Lágrimas derramaram novamente, fazendo sentido e ele sabendo o motivo delas. Nesse dia, o menino-homem tornou-se a pessoa mais feliz do mundo, pois sabia que nada em sua vida havia sido em vão, que tudo que sonhara fazia sentido, que todos seus objetivos estavam sendo alcançados. Desde então ele não precisou, nunca mais, recordar-se desses fatos. Não houve necessidade dele refletir sobre seu futuro, porque seu sonho agora tornara-se real.

09/06/08 – 11:50

Um comentário:

Zúnica disse...

Uau! E não é que Robertinho é um homem sensível! Impressionante!

cara, os teus textos são bons por essência. Isso quer dizer, basicamente, que eles têm o elemento principal da boa prosa poética, da boa literatura, que é a sinceridade, a entrega. Eles transparecem uam sinceridade, uma nudez de preconceitos. Isso, no fim das contas, é o mais difícil para o bom autor. Agora só falta manusear algumas técncas de narrativa básicas, que se pegam facilmente com leitura. Mas ficou muito boa a síntese do sentimento, o uso de metáfora, a formação de imagem.

Um conselho de design: altere a cor da letra, coloque algo que torne o texto mais nítido, que assim tá difícil de focar.

Continue assim, cara, que com creteza vc chega beeeeeeeem longe. É uma atitude que eu gostaria muito de ver do resto da sala, e que são poucos os que manifestam.

Abração!